terça-feira, junho 07, 2005

Seis anos

Sentei-me ao computador sem ter nada para dizer, sem ter nada para escrever que me ajudasse a desabafar o que me ia na cabeça. Queria poder pôr por escrito os meus pensamentos, mas era tudo tão confuso que continuava a olhar para uma página branca à minha frente.

Sem outra solução voltei à infância onde tudo começou. Lembrei-me de um rapaz de seis anos e dos medos que o assustavam, lembrei-me de todos os sonhos que já naquela altura lhe enchiam a cabeça e da despreocupação própria de uma criança.

De olhos verdes no horizonte, brincava ao fim da tarde sem pensar demasiado no futuro, sem saber o que ia acontecer quando crescesse e quando os medos deixassem de ser apenas pesadelos que apareciam a meio da noite. Quando o medo viesse a qualquer altura e trouxesse nuvens negras aos meus dias.

Mas olhar para o passado é bom, lembramo-nos de formas diferente de ver a vida e de sentimentos simples. De gostar sem questionar, de amar sem perguntar porquê, de ter medo apenas entre duas brincadeiras e de esquecer rapidamente todas as angústias e ansiedades.

Larguei o computador e na varanda acendi um cigarro, uma pequena luz por baixo de um céu cheio de estrelas. E olhei para cima como fazia quando era pequeno, quando voava de olhos fechados e tudo era possível. Quando podia escolher o meu futuro e não me preocupava com o passado.


Agora

Sei finalmente que para andar para a frente tenho de voltar atrás, tenho de voltar a olhar com os olhos que são os mesmos. Sei que na simplicidade dos pensamentos de um pequeno rapaz de seis anos está a resposta para os meus problemas. Sei que tudo eventualmente irá ficar bem e vou poder estar sentado calmamente a olhar para o céu e apenas sorrir.

2 comentários:

M de M disse...

Eu ainda faço isso, passados tantos anos...à noite quando a silêncio cai e estou sozinha e perdida, vou até à janela e fico horas a comtemplar a escuridão, as estrelas, os pequenos ruídos, o vento a bater na minha cara, o movimentar das nuvens....e respiro fundo! Não há nada como este momento de paz, para dar novo ânimo à nossa vida.

***

xein disse...

A minha pequena sobrinha tem 2 anos. Na sua festinha da escola faço-a ouvir uma história que me está a entusiasmar a mim, uns anos mais velha... No fim pergunto-lhe:

- Então Beatriz, que aprendeste hoje de novo?

Ao que ela me responde:

- Tita, lá em cima no céu há sempre uma "estelinha" a olhar por nós. E é linda...


Pelos vistos, valem mesmo a pena estes pequenos momentos de contemplação...


Sente-te!!!!