sexta-feira, junho 29, 2007

For The Dark Finds Ways of Being

Rui esperava nas escadas, preso entre o dia e a noite, olhando a lua que aparecia por cima das árvores. Pela primeira vez em anos sentia-se bem, sabia respirar o ar fresco que chegava devagar. Não era capaz de dizer há quanto tempo ali estava, sorria ao pensar que podia ser desde sempre, que era capaz de acreditar. Viu um brilho num arbusto e disse as palavras, de quem pede em vez de mandar. A luz escondeu-se, na impaciência de se mostrar.
Margarida aproximou-se em silêncio, com um beijo demasiado perto, e um tocar delicado de dedos compridos. Falou no tempo certo, de quem aprendera a esperar.
- Estás aqui há muito tempo?
Ele sorriu antes de responder.
- Sim, estou. Queres ver uma coisa?
O coração dela bateu mais depressa.
- Sim, mostra-me.
Rui esticou uma das mãos em direcção aos arbustos, a outra ofereceu-a a Margarida, que a apertou com muita força. Ao princípio nada aconteceu, apenas o vento nas folhas, e a noite que continuava a chegar. De repente uma luz, que se acendia e apagava, depois outra, com o mesmo brilho incerto, até que apareceram mais, pequenos pontos cintilantes que se juntaram num só. Rui fechou a mão que estava esticada, e trouxe-a até ao seu peito. Margarida não conseguiu conter um riso, quando a luz se dividiu em mil, numa explosão em direcção a eles, no momento em que a tarde se despediu. Falou sem largar a mão dele.
- Rui, são pirilampos.
Ele aproximou-se dela, sentindo o mundo à sua volta, antes dos lábios se tocarem. Por fim a noite chegou.

2 comentários:

laura disse...

:)

kolm disse...

Pirilampos (sorriso)...