segunda-feira, julho 25, 2005

Ao espelho

Olhas para o espelho e perguntas quem és, não te reconheces na imagem que vês e pensas quando é que a calma voltará. Os dias são mais compridos e só a noite traz algum conforto, a noite onde estavam todos os medos, agora única aliada na tua luta. E dormes. Dormes para não pensar no mundo que não compreendes e na vida que se divide em duas. Os sonhos levam-te a locais que não conheces mas onde te sentes bem.

Não te moves e fixas demoradamente o teu corpo reflectido no espelho, tens medo que um dia a imagem à tua frente ganhe vida e se separe de ti, tens medo de não existirem mais estes momentos infinitos em que os olhos olham os olhos e o tempo não passa. O teu corpo é também o meu corpo que espera por ti, que espera que desse lado não fujas, que espera poder ver-te todos os dias.

Toco com um dedo no vidro e olho para dois braços que se unem num único ponto. Não sei qual dos dois é real e pergunto se isso será realmente importante, pergunto se não podem existir duas vidas que são uma só e se observam com medo, com a ansiedade de não saberem quem são, com a alegria de nunca estarem sozinhas.

Olhas-me mais uma vez nos olhos e sorris, sorris para ver o meu sorriso e para poderes sentir que um dia tudo estará bem.

1 comentário:

laura disse...

um dia... no dia em que nos sentirmos em casa no outro lado do espelho.