quinta-feira, abril 21, 2005

Outra Noite

Abro a porta do carro e respiro o ar frio da noite. Por cima de mim vejo o céu estrelado e penso que talvez seja o céu mais bonito que alguma vez vi na vida. Lembro-me de quando era criança, lembro-me de estar deitado no chão a olhar para cima e dos sonhos que me enchiam a cabeça. Olho para ti e tento recordar o dia em que te conheci, mas não consigo, apenas sei que te conheço desde sempre, que fazes parte da minha vida toda e que quando olho para as estrelas penso em ti.

Deito-me em cima do carro e fico a olhar para o céu, vejo uma estrela cadente e peço um desejo, peço ajuda para estar contigo e vejo a estrela deixar um rasto luminoso até desaparecer no meio das árvores. Deitas-te a meu lado e perguntas em que estou a pensar. Não tenho resposta, tenho medo que o meu segredo seja descoberto e que o desejo não me seja concedido. Olhas também para as estrelas...

Estou nervoso e tento refugiar-me no passado, nas recordações de duas crianças pequenas a brincarem sem que o tempo passe. Naquele tempo o céu parecia maior e a maior parte das perguntas não tinha resposta, mas a angústia não estava presente, apenas a pergunta, apenas a dúvida que nos fazia sonhar. Olho para ti e penso no momento perfeito entre nós, um momento que me faz lembrar tantos outros passados contigo, o tronco no riacho, a árvore grande...

Agora que crescemos quase que não conseguimos sentir o que passámos, parece ter saído tudo de dentro de um livro, aventuras de duas crianças em tardes e noites sem fim. Quero poder recordar que estivemos sempre aqui, quero saber que também te lembras de nós...mesmo que tudo não tenha acontecido.

Dás-me a tua mão...e a noite fica maior...

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