terça-feira, janeiro 18, 2005

De volta à floresta

Chamo por ti na escuridão...não sei se ouves este grito mudo que sai desesperado da minha garganta...

Grito...mas acho que ninguém me ouve e fico sozinho no meio da floresta onde cresci, toco nas árvores velhas e sinto nas mãos a casca áspera que me aconchega. Quero poder fugir deste lugar que me conhece, mas sinto-me preso, sinto que nunca vou conseguir gritar o suficiente para me libertar, nunca vou conseguir correr em direcção ao meu destino, à minha desgraça, à minha redenção.

Caio no labirinto sem fim, no meio dos ramos que sempre me cercaram e me amordaçam suavemente. O meu grito é abafado com o cuidado de uma mãe e sorrio ao mesmo tempo que choro. Não desisto de lutar mas os meus braços mexem-se devagar e ninguém ouve o meu grito, tal como eu não me consigo ouvir a mim mesmo. Eu não quero sair deste abraço, não quero deixar este sofrimento, é ele que me alimenta, é ele que me conduz.

Não sei o que vai acontecer e continuo a gritar sem que ninguém me ouça...talvez um dia descubra o caminho para fora da floresta ou talvez um dia consiga viver no meio das árvores...

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